Galeria dos Presidentes

1946-1952 | João Daudt D'Oliveira

1946-1952

João Daudt D'Oliveira

Gaúcho, nascido em 1886, foi industrial, político e comerciante. Estabelecido no Rio, então capital federal, fundou o Partido Economista, voltado à representação das classes produtoras. Presidiu a Associação Comercial do Rio de Janeiro e depois a Federação das Associações Comerciais do Brasil.

Em 1944, chefiou a delegação brasileira na Conferência Internacional de Negócios em Rye, nos Estados Unidos. Principal liderança a articular a realização da I Conclap com representantes da indústria e agricultura. Foi o primeiro presidente da CNC, fundando o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial e o Serviço Social do Comércio, em 1946.

1952-1954 | Brasílio Machado Neto

1952-1954

Brasílio Machado Neto

Paulista, nascido em 1900. Advogado, empresário e político. Esteve à frente do processo de estruturação da CNC em São Paulo, onde também iniciou rápida implantação dos serviços do SESC e SENAC a partir de 1947. Na década de 50, comandou a CNC por dois mandatos. Criou o Conselho Técnico para conduzir estudos de assuntos econômicos, sociais e políticos de relevância ao comércio. Ampliou a estrutura de atendimento aos comerciários pelo país, consolidando os preceitos da Carta da Paz Social. Publicou livro com artigos sobre economia. A atual sede no Rio e a aquisição do terreno para a segunda sede, em Brasília, foram conquistas de sua administração.

1954-1956 | João de Souza Vasconcellos

1954-1956

João de Souza Vasconcellos

Paraibano, nasceu em 1898. Foi contador, comerciante e político, além de fundador da Associação Comercial de Campina Grande, onde nasceu. Em 1934, exerceu mandato de deputado estadual constituinte. Estabelecido no Rio de Janeiro no final da década de 1940, foi titular da secretaria da CNC a partir de 1952. Na presidência, criou o Conselho de Turismo no âmbito da CNC. Foi signatário pelo Brasil de acordo de assistência técnica em apoio à atividade turística, firmado com o governo norte-americano. Também representou o país na Organização Internacional do Trabalho e na Câmara de Comércio dos Países Latino-Americanos.

 

1956-1958 | Brasílio Machado Neto (2º mandato)

1956-1958

Brasílio Machado Neto

2º mandato

1959-1964 | Charles Edgar Moritz

1959-1964

Charles Edgar Moritz

Natural de Florianópolis, onde nasceu em 1912, foi contador e empresário. Participou da criação das entidades sindicais do comércio atacadista, das indústrias e ainda da federação das associações comerciais catarinenses. Em 1948, tornou-se o primeiro presidente da Federação do Comércio do estado, vindo, na sequência, a integrar os quadros da CNC até chegar à vice-presidência, em 1958. Com a renúncia de Brasílio Machado no ano seguinte, assumiu o comando da instituição. Durante seu exercício, a convite do presidente Juscelino Kubitschek, presidiu a Legião Brasileira de Assistência (LBA), saneando as finanças do órgão.

 

1964-1980 | Jessé Pinto Freire

1964-1980

Jessé Pinto Freire

Nascido em 1918 no Rio Grande do Norte, foi comerciante e político. Antes, presidiu o Sindicato do Comércio Varejista do estado, com um desempenho que o alçou ao comando da associação comercial potiguar. Foi também secretário de Finanças estadual, na gestão de Sílvio Pedrosa. Neste período, participou de eventos da Câmara de Comércio Internacional. Na presidência da CNC, atuou pelo fortalecimento do comércio exterior e defendeu a criação do Instituto Brasileiro de Turismo. Organizou a terceira e quarta edições da CONCLAP, ocasiões em que foram lançadas, respectivamente, a “Carta da Guanabara” e a “Carta do Rio de Janeiro”.

 

1980-2018 | Antonio Oliveira Santos Santos

1980-2018

Antonio Oliveira Santos Santos

Capixaba, nascido em 1926, formou-se engenheiro pela antiga Universidade do Brasil (UFRJ). Atuou na Companhia Siderúrgica Nacional em 1949 e, três anos depois, foi diretor industrial da Companhia Ferro e Aço de Vitória. As atividades no comércio varejista tiveram início em 1956. Entre 1968 e 1972, exerceu a presidência da Federação do Comércio do Espírito Santo e a vice-presidência da CNC. Ao suceder Pinto Freire, representou o comércio brasileiro em missões à França, Portugal, Bolívia, Colômbia, Alemanha e no Oriente Médio. Sua gestão reorganizou o sistema confederativo, inaugurou a sede da CNC em Brasília, além de implantar a unidade Pantanal e o programa Mesa Brasil, ambos pelo SESC.

2018-atual | José Roberto Tadros

2018-Atual

José Roberto Tadros

Nascido em Manaus em 1945, José Roberto Tadros é advogado e atua há mais de 40 anos na empresa fundada por sua família em 1874. Desde então, vem conciliando as atividades empresariais com as de líder sindical e Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Nacional. Autor de livros sobre temas do estado de origem, é também presidente da Academia de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas, além de representante da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico estadual do Amazonas. Na sua gestão à frente da CNC, ampliou a agenda positiva em defesa dos empresários e manutenção do SESC e SENAC além de iniciar um processo de transformação digital em todo o Sistema Comércio.

 

Marca CNC

Tradição e Modernidade: desde sua fundação, a marca da CNC simboliza o perfil do deus Mercúrio e seu capacete alado. As asas representam a velocidade, atualmente associada ao dinamismo da era digital e do comércio eletrônico.

A CNC tem 78 anos. Para entender como ela surgiu é preciso voltar no tempo. Mais precisamente ao histórico dia 2 de setembro de 1945. Terminava oficialmente nesta data a Segunda Guerra Mundial, um conflito que ceifou a vida de cerca de 60 milhões de pessoas e mudou o rumo da humanidade.

  • Cap. 1
  • Começa a história
  • Nasce a CNC
  • Os primeiros passos
  • O "Sistema S"
  • Uma nova era
  • Nova constituição
  • Anos seguintes
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Após a vitória dos aliados sobre os nazistas e seus parceiros do eixo, o mundo precisou se reorganizar.

Para garantir a manutenção da paz e promover um fórum de discussão global, os aliados formaram a Organização das Nações Unidas (ONU) em 24 de outubro de 1945. Além disso, elaboraram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, que passou a ser adotada por todos os Estados-membros. Entretanto, a aliança entre os aliados ocidentais e a então União Soviética, que já estava tênue no final da guerra, deteriorou-se a ponto de se formarem dois blocos político-ideológicos.

A maioria dos países europeus orientais ficou sob a esfera de influência da União Soviética, o que determinou a concepção de regimes socialistas e comunistas. Do outro lado, sob uma maior influência dos Estados Unidos, outros países do globo adotaram regimes capitalistas democráticos. Essa bipolaridade deu início a uma nova realidade política, social e econômica mundial.

O Brasil, na época da guerra, era presidido por Getúlio Vargas em um regime ditatorial simpático ao modelo fascista dos Países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália). Porém, nosso país acabou participando da Segunda Guerra Mundial junto aos aliados. Ao fim da guerra, o Brasil ingressou na mesma sintonia dos demais países do bloco, ou seja, em uma fase política de reivindicação de direitos e eleições democráticas, além de promulgação de uma nova Constituição.

Getúlio sentiu que seu regime de governo já não era mais possível e tentou convocar eleições, mas não contou com o apoio militar e foi deposto por um golpe.

O fim da guerra também impulsionou mudanças econômicas e sociais. Nossa economia ainda dependia essencialmente das exportações de café e importávamos a maioria dos produtos industrializados e quase todo o petróleo de que precisávamos. Por outro lado, a urbanização crescia rapidamente e já ao final de 1945 Rio de Janeiro e São Paulo já tinham mais de um milhão de habitantes.

Naqueles anos, os principais líderes empresariais brasileiros entenderam que a emergente sociedade democrática demandaria uma maior representatividade das classes trabalhadoras e empresariais. E que para tanto era necessário se organizarem para enfrentar os grandes desafios e oportunidades para a construção não só dessa nova sociedade como também uma economia forte e moderna. Estes líderes participaram da criação da CNC visando participar ativamente das decisões nacionais.

O passo inicial – 1a Conferência Nacional das Classes Produtoras (Conclap)

O passo inicial se deu na 1a Conferência Nacional das Classes Produtoras (Conclap), realizado em 1º de maio de 1945, em Teresópolis (RJ), que reuniu 183 delegações de todo o Brasil compostas por empresários e representantes de sindicatos, associações comerciais, industriais, entre outras entidades. Presidida por João Daudt d’Oliveira, então presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), a conferência discutiu os principais temas ligados às atividades produtivas no Brasil.

Três pontos de destaque foram resultado das discussões. O principal foi a “Carta Econômica de Teresópolis”, que fez uma radiografia da situação socioeconômica do País e propôs um compromisso dos empresários com um regime de “justiça social”, que manteria a harmonia entre todos os elos da cadeia produtiva. O segundo foi um adendo ao anterior, a “Carta da Paz Social”, que trazia a preocupação dos empregadores com a extrema pobreza do País e com a baixa capacitação profissional do trabalhador brasileiro. Derivada dela surgiu o terceiro ponto sob a forma de um consenso da necessidade da criação de um órgão que fosse o porta voz oficial do comércio perante o governo e a sociedade.

A Carta de Teresópolis se tornou um documento histórico, cujos princípios foram incorporados aos estatutos da criação da CNC quatro meses depois.

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Da esquerda para a direita, Roberto Simonsen, Iris Meinberg, Luiz Dodsworth Martins, João Daudt e Euvaldo Lodi. Dodsworth Martins era o secretário geral, enquanto os demais compunham a mesa diretora da I Conclap

DECRETO Nº 20.068, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1945 Reconhece a Confederação Nacional do Comércio

“O Presidente da República, atendendo ao que lhe expôs o ministro de Estado dos Negócios do Trabalho, Indústria e Comércio, e, usando da atribuição que lhe confere o Artigo 537, § 3º, da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943), decreta: Artigo único. Fica reconhecida a Confederação Nacional do Comércio, com sede na Capital da República, como entidade sindical de grau superior coordenadora dos interesses econômicos do comércio em todo o território nacional, na conformidade do regime instituído pela Consolidação das Leis do Trabalho.

Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1945, 124º da Independência e 57º da República. JOSÉ LINHARES R. CARNEIRO DE MENDONÇA”
(Diário Oficial da União Seção 1, 4 de dezembro de 1945)

A primeira-dama dos Estados Unidos, Eleanor Roosevelt, exibe cartaz contendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em novembro de 1949.

Em 4 de setembro de 1945, poucos meses após o encerramento da I Conclap, os líderes de oito federações do comércio reuniram-se para efetivamente constituir a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Seu principal objetivo era catalisar os esforços regionais de federações e sindicatos e atuar como porta voz oficial dos empresários do comércio, a exemplo do que a Confederação Nacional da Indústria fazia pelos industriais desde 1938. A CNC foi reconhecida em 30 de novembro de 1945 como a entidade máxima do empresariado comercial brasileiro.

João Daudt toma posse na Presidência da CNC, em cerimônia realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1946

No cenário do pós-guerra, o Brasil estava em uma posição melhor que os países destruídos pelo conflito. Por outro lado, enfrentou o esgotamento das reservas cambiais e o desabastecimento de produtos industrializados, principalmente os que dependiam das importações.

A incipiente indústria nacional, com dificuldades para a importação de maquinário e a falta de investimentos em infraestrutura, precisou se reorganizar para atender às demandas das empresas e dos consumidores brasileiros.

Nesse contexto, naturalmente, os preços se elevaram. O comércio, fio condutor de todo esse complicado momento econômico, ganhou destaque nas discussões políticas que responsabilizavam os comerciantes pelo desabastecimento, pelos preços elevados e, consequentemente, pela inflação.

O primeiro presidente da CNC, João Daudt d’Oliveira, convocou a diretoria para identificar como a entidade poderia contribuir nesse contexto e expôs seu ponto de vista à Assembleia Constituinte, que estava discutindo a nova Constituição brasileira, e ao então Presidente da República, Eurico Gaspar Dutra (1946-1951). Em seguida, convocou os presidentes das federações de todos os estados para debater o tema e construir uma proposta comum. As conclusões se converteram em um documento propondo um programa anti-inflacionário baseado no estímulo à produção e no equilíbrio fiscal que foi encaminhado ao presidente Dutra. Entre as medidas sugeridas estavam a revisão da atuação dos órgãos de controle de preços, o aperfeiçoamento da arrecadação de impostos, a criação do Banco Central, do Banco Industrial e do Banco Rural e a garantia de preços mínimos para a agricultura. Passados alguns anos, a CNC voltou a colaborar com os destinos do país. Em 1949, ciente da sua importância como articuladora de um planejamento econômico para o Brasil, a CNC promoveu, juntamente com outras entidades representativas do empresariado, a II Conclap, conhecida como Congresso de Araxá. Dela saíram uma análise da realidade nacional e novas propostas para o desenvolvimento do país. Paralelamente, o presidente Daudt deu início a uma grande reestruturação dos serviços sociais e de aprendizagem oferecido pela CNC em doze estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte, Pará e Paraíba.

Nesses seus primeiros anos, a CNC demonstrou na prática que suas propostas e colaborações sempre estarão alinhadas ao compromisso assumido de enfrentar as crises e os desafios de suas épocas e incrementar a estrutura, a representatividade e os serviços para a valorização do empresariado e do trabalhador no desenvolvimento do Brasil.

João Daudt d’Oliveira foi o primeiro presidente da CNC, um entusiasta do comércio que teve papel fundamental na Carta de Teresópolis, documento que assegurou a criação dos braços sociais do comércio – Sesc e Senac.

João Daudt d’Oliveira comandou brilhantemente a CNC por sete anos. Após o último mandato, outros grandes líderes do comércio – Brasílio Machado Neto (1952- 1954/1956-1958), João de Souza Vasconcellos (1954-1956) – comandaram a presidência da entidade dando continuidade ao plano de expansão e melhoria dos serviços ofertados.

Um dos marcos para a CNC foi a constituição, em 1955, do Conselho de Turismo. Os integrantes desse importante órgão realizaram diversas ações para a promoção do turismo como atividade indutora do crescimento econômico e fomentaram a criação de políticas públicas que contribuíram para o desenvolvimento do setor no País.

Em 1959, assume Charles Edgar Moritz para um mandato difícil por conduzir a Confederação em meio às turbulências que culminaram no regime militar instaurado em 1964.

Como entidade representativa, o papel da CNC foi sempre estar ao lado dos empresários e dos trabalhadores.

Em 1964, Jessé Pinto Freire assume a presidência para conduzir a entidade do início da ditadura até o começo do processo de abertura.

Advogado, líder sindical, empresário e importante político potiguar, Jessé foi senador da república antes de assumir a CNC. E trouxe consigo a experiência de ter sido membro das comissões de Economia e Relações Exteriores no Congresso e de comissões executivas da Câmara do Comércio Internacional. Presidida por Jessé, a CNC consolidou-se como representante máxima do comércio brasileiro. Ainda mais que, em julho de 1973, a entidade inaugurou sua sede própria em Brasília, potencializando sua participação nas demandas do Comércio junto ao Legislativo e aos comitês, comissões e grupos de trabalho de órgãos públicos. Nessa época, várias missões internacionais visitaram a sede da Confederação e ela se tornou porta-voz dos empresários do comércio nacional em missões ao exterior e nas comissões brasileiras em conferências da Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão da ONU.

Os ex-presidentes da CNC Charles Edgar Moritz em 1960 e Jessé Pinto Freire em 1964.

A “Carta da Guanabara” foi o documento emitido pelos congressistas reunidos no III Conclap refletindo a preocupação do empresariado com a extrema presença do Estado na economia e sugerindo a abertura de capital da iniciativa privada.

Nesse início da década de 1970, o Brasil passava por transformações políticas, sociais e econômicas. A III e IV Conclap, ambas presididas por Jessé Freire, aconteceram no período em que o Governo Federal deu início ao Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), criando uma época que passou para a história como “O Milagre Econômico”, de promoção de grandes empreendimentos, com a participação ativa do empresariado nacional.

Os congressistas reunidos na III Conclap, por exemplo, entenderam que era preciso assumir uma posição e emitiram um documento denominado “Carta da Guanabara”, que refletia a preocupação do empresariado e dos analistas econômicos com a maciça presença estatal na economia e sugerindo um incentivo à abertura de capital e a modernização da iniciativa privada nacional.

A carta reivindicava ainda investimentos maciços e urgentes em educação e tecnologia, estímulos ao setor rural e às exportações, fundamentais para o crescimento econômico do país.

No ano de 1977, já no mandato do Presidente Ernesto Geisel, a situação econômica se agravou aumentando a tensão entre o Governo Federal e o empresariado. No IV Conclap realizado naquele ano, surgiu o documento “Carta do Rio de Janeiro”, que fez um balanço dos objetivos e das estratégias do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), pedindo que o governo incentivasse o livre mercado.

Quatro anos depois, já no mandato do presidente Ernesto Geisel, a situação econômica brasileira havia se agravado e as relações entre o Governo Federal e o empresariado eram tensa. A CNC e o seu então presidente, Jessé Freire, conseguiram aproximar e levar o presidente Geisel e seus ministros à IV Conclap, em 1977.

Dela surgiu outro documento importante: a “Carta do Rio de Janeiro”, que fez um balanço dos objetivos e das estratégias do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), mas pontuava o esgotamento do modelo de desenvolvimento proposto baseado ainda em forte participação estatal.

Pedia definições mais claras do papel do Estado, do capital estrangeiro e da empresa privada nacional. E finalizava solicitando que o governo incentivasse o livre mercado, gerando uma menor dependência de subsídios estatais. Uma visão que se manifestava desde a Carta de Teresópolis e da Carta da Paz Social de que o desenvolvimento social seria tarefa de responsabilidade também das empresas e não exclusivamente do Estado.

O primeiro hotel-escola da América Latina foi o Hotel Grogotó inaugurado em Barbacena em 1968 por Jessé Pinto Freire.

A administração de Jessé também marca uma grande mudança na atuação do Sesc e do Senac. Em 1968, por exemplo, o Senac inaugurou, em Barbacena (MG), o Hotel Grogotó, o primeiro hotel escola da América Latina.

Foi um marco para a profissionalização do segmento do turismo no Brasil. O empreendimento também coroou o trabalho implementado pelos ex-presidentes Charles Moritz e Brasílio Machado Neto, este último criador do Conselho de Turismo da CNC, na promoção desse setor à proposta pedagógica do Senac.

Além de ser uma evolução do trabalho da unidade regional mineira do Senac que criou, cinco anos antes, a primeira escola de turismo e hotelaria do país.

No caso do Sesc, as colônias de férias deixaram de ser apenas locais de lazer para comerciários e seus filhos e abriam as portas para qualquer indivíduo, tornando-se também centros de esporte e cultura. Essa mudança foi determinante e transformadora para às comunidades locais, que passaram a frequentar as unidades do Sesc para praticar atividades ligadas à música, ao cinema, à fotografia, à dança, às artes plásticas, entre muitas outras. O Senac também passou por grande mudança com a adoção do Plano de Expansão da Rede Escolar (Peres), promovido pelo Ministério da Educação, que viabilizou a construção de escolas em estados com arrecadação inferior à média, propiciando o surgimento de 26 centros de educação profissional até 1974.

Para conhecer a atuação da entidade frente ao Sesc e ao Senac descrita acima, será preciso entender melhor o que é o “Sistema S”. Ele é composto por nove entidades voltadas para o treinamento profissional, a assistência social, a consultoria, a pesquisa e a assistência técnica dos trabalhadores da indústria, comércio, agronegócio e cooperativismo.

A primeira instituição do “Sistema S” surgiu durante a “Era Vargas”, quando o Brasil passava por uma reestruturação de sua mão de obra produtiva visando melhorar o desempenho econômico do país. Vargas decretou a criação do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), em 1942, com objetivo de formar profissionais para a crescente indústria nacional.

De acordo com a Lei, a nova instituição seria mantida com recursos dos empresários e administrada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Desde então, outras instituições foram formadas sob a mesma lógica, compondo o “Sistema S” que é mantido até hoje mediante uma contribuição compulsória que incide sobre a folha de pagamento das empresas, com alíquotas que variam de 0,2 a 2,5%, dependendo do tipo de negócio e do regime de tributação escolhido definidos pelo enquadramento no código Fundo de Previdência e Assistência Social (FPAS).

A alíquota é repassada às federações patronais, cada uma com sua categoria respectiva, que administram os serviços de aperfeiçoamento profissional.

Na prática, qualquer trabalhador e seus dependentes podem se beneficiar do que é proporcionado pelas instituições, como cursos, palestras, atividades esportivas, recreativas, culturais, entre muitas outras.

Para as empresas e o mercado, o “Sistema S” contribui para treinar e aumentar a qualificação dos empreendedores e profissionais com consequente melhoria dos processos, ocupação de vagas e aumento da produtividade. Além disso, promove uma melhor integração, cultura, saúde e qualidade de vida para gestores, colaboradores e seus dependentes.

Três anos após a IV Conclap, em 1980, Antonio Oliveira Santos, que comandava a Fecomércio do Espírito Santo, assumiu a presidência da CNC com a missão de dar continuidade ao trabalho louvável de seus antecessores e reforçar a representatividade da entidade junto ao governo e à sociedade. Tanto é que já na primeira reunião da diretoria da CNC daquele ano, o então Ministro da Fazenda, Ernane Galvêas, participou como convidado de honra.

Na posse do presidente da CNC Antonio Oliveira Santos na sede em Brasília, foi lançada uma cruzada pedagógica pela função histórica e indispensável dos sindicatos, pela livre iniciativa e por uma sociedade democrática.

Engenheiro, Oliveira Santos trabalhou na Companhia Siderúrgica Nacional, foi diretor da Companhia de Ferro e Aço de Vitória (Cofavi) e superintendente da Estrada de Ferro Vitória a Minas, fundamental para o escoamento da produção do interior até o porto de Vitória. Era uma fase de modernização de processos, o que forjou seu perfil de líder. Já como empresário, Oliveira Santos atuou no varejo de materiais de construção e em uma empresa de regeneração de pneus. No governo estadual ele atuou no grupo Executivo da Recuperação Econômica do Estado do Espírito Santo (Geres) e no Conselho do Banco de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo (Bandes). E também foi professor titular de Física da Universidade Federal do Estado do Espírito Santo por mais de vinte anos. Sua capacidade como gestor e de argumentação o levaram a ser eleito para a presidência da Federação do Comércio do Espírito Santo e, por consequência, dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac.

Em seu estado natal, por exemplo, Oliveira Santos teve a honra de inaugurar o Hotel-Escola da Ilha do Boi, que se converteria em uma referência para a hotelaria de toda a América Latina. Com esse olhar, nos primeiros anos de sua administração ele criou novos Centros de Formação Profissional do Senac, investiu em unidades móveis, em teleducação, em cursos de capacitação em empresas, sindicatos e associações, entre inúmeras outras realizações.

Por outro lado, a década de 1980 foi marcada por um período de grandes mudanças políticas e econômicas mundiais, notadamente pelo declínio e fim da União Soviética. Uma nova ordem política mundial estava se formando e ao mesmo tempo inovações tecnológicas, principalmente no campo da informática, revolucionaram a maneira como as pessoas se comunicavam, trabalhavam, faziam negócios, enfim, a vida das pessoas.

O mundo foi ficando cada vez mais conectado e em constante evolução.

Visando acompanhar a velocidade das mudanças e interagir com a sociedade nessa nova configuração a CNC se estruturou para seguir de perto e manifestar se em debates em órgãos legislativos sobre esses e muitos outros temas relevantes que impactassem os vários segmentos do comércio e de suas entidades sindicais. Assim, em 1981, Oliveira Santos criou uma assessoria da CNC junto ao Poder Legislativo, a APEL, a fim de manter a presidência e as diretorias da casa, bem como os presidentes das federações, informados sobres os processos legislativos envolvendo o comércio.

Antonio Oliveira Santos, na missão comercial japonesa em novembro de 1984,

Na reunião do Conselho Consultivo da UBE (União Brasileira dos Empresários);

Presidente de Honra CNC

Para possibilitar uma participação efetiva nos debates com os parlamentares, os assessores da APEL produziram relatórios e pareceres que balizaram a posição da Confederação, das Federações e dos Sindicatos. Em audiências públicas das comissões da Câmara dos Deputados e do Senado, por exemplo, a CNC contribuiu para muitas decisões apresentando pareceres técnicos e expondo o ponto de vista do comércio.

Em agosto 1982, a CNC abriu um novo canal para o diálogo entre os empresários do comércio e o governo.

Promovido pela entidade em parceria com o Ministério da Indústria e Comércio, o I Congresso de Desenvolvimento do Comércio foi realizado no Senado Federal, reunindo cerca de 700 empresários do setor. O evento representou o reconhecimento da importância de ouvir o segmento e de discutir uma política para sua atividade.

Posteriormente, em 2008, foi criada a Rede Nacional de Assessorias Legislativas (Renalegis), uma plataforma própria que passou a registrar e a disponibilizar para os sindicatos e federações informações sobre a tramitação de proposições e decisões não só na Câmara Federal, mas também nas assembleias estaduais e câmaras municipais de todo o país.

Mas, voltando à década de 1980, é importante entender o contexto econômico difícil que o Brasil enfrentava. O país sofria com a hiperinflação, com planos econômicos ineficazes e preços fora do controle, afetando diretamente o comércio e os empresários do setor. Os juros internacionais e o preço do barril de petróleo subiram a níveis estratosféricos, puxando com ele a dívida externa brasileira. Um cenário extremante instável e que exigia que o Brasil exportasse como nunca para recuperar suas divisas. O governo brasileiro implementou então várias medidas para abrir novos mercados e incentivar os exportadores, como vantagens fiscais, desvalorizações cambiais, subsídios e linhas de crédito enquanto inibia as importações.

Oliveira Santos assumiu o compromisso de representar os empresários do comércio para vencer o desafio de incrementar as exportações. Ele, inclusive, integrou a comitiva do Presidente da República em visitas oficiais e foi a mais de 20 missões comerciais com esse objetivo.

Além disso, participou das reuniões no Fundo Monetário Internacional (FMI) – cruciais para os rumos da economia na época – e no Gatt (predecessor da Organização Mundial do Comércio). Ele também foi nomeado membro do Conselho Monetário Nacional, no qual permaneceria até 1991.

O pioneirismo da CNC em fomentar um maior diálogo com o governo foi uma conquista para a época. Isso porque o Brasil começava a dar os primeiros passos para uma grande transformação.

Após anos de governos militares, o país foi caminhando para uma abertura política que se materializou na campanha das “Diretas Já”, entre 1983 e 1984, e culminou na elaboração de uma nova Constituição.

A Assembleia Nacional Constituinte foi instalada em 1º de fevereiro de 1987, já no governo do presidente José Sarney. Em 22 de setembro de 1988, após a votação e a aprovação do texto final, o Brasil promulgou a primeira constituição democrática após
21 anos sob regime militar. A CNC teve papel importantíssimo na formulação das diretrizes ligadas à atividade comercial e, principalmente, da Lei que definiu a atuação da entidade perante a sociedade.

A primeira Consicomércio realizada no Ministério da Fazenda em agosto de 1991 e a quinta Assembleia Geral do Sicomércio no Hotel Sofitel Rio Palace em 1999

Em agosto de 1991, o corpo diretivo da CNC, os presidentes de todas as federações (40) e de 456 dos 700 sindicatos patronais do comércio brasileiro reuniam se por dois dias na I Convenção do Sicomércio, para discutir o destino do sindicalismo no setor.

Como resultado dessa iniciativa pioneira no Brasil foi emitida uma resolução da CNC com um conjunto de normas para seu sistema confederativo e que criava a Comissão de Enquadramento e Registro Sindical do Comércio (Cersc). Com a presença de presidentes de 44 federações e 616 sindicatos, uma nova convenção, realizada em 1993, deu origem à Carta de Princípios do Sicomércio.

Ela registrou as conclusões da convenção sobre enquadramento, registro, unicidade, contribuição confederativa e representação e representatividade. E também estabeleceu a natureza das atividades representadas pela CNC ao definir o termo “comércio” como: “todas as atividades mercantis relacionadas a bens e serviços de qualquer natureza”.

Para atender à diversidade de demandas de todo esse vasto universo foram criados, em 1986, os Grupos Empresariais de Assessoramento (GEA), encarregados da execução de programas de segmentos específicos do comércio, que evoluíram para as Câmaras Brasileiras do Comércio.

Em 1995, as convenções passaram a se chamar Assembleia Geral do Sicomércio (AGS), com poderes para elaborar, reformar ou alterar a Carta de Princípios no intuito de unificar as propostas e garantir a unicidade e o consenso em torno do desenvolvimento regional e nacional, prevalecendo sobre os interesses particulares de uma categoria específica.

No almoço com Delfim Netto em almoço na CNC.

Recebendo a Medalha Tiradentes em 2005.

Na entrega da PEC Reforma Sindical no Palácio do Planalto em Brasília.

Manifestações populares em frente ao Congresso Nacional e discussões entre os parlamentares da Assembleia Nacional Constituinte deram origem ao texto da nova Constituição de 1988 que foi celebrado em discurso histórico proferido pelo deputado Ulysses Guimarães (PMDB/SP) Foto: Célio Azevedo

 
 
 

Foi um período no qual o mundo também passou por grandes transformações.

Foram tempos de abertura comercial, do desenvolvimento tecnológico, da globalização, do surgimento de novas categorias de produtos e serviços e de novas formas de comércio e crédito.

Acompanhando essa modernidade, o Brasil cresceu e com ele o número de consumidores e de pequenos, médios e grandes empresas e empreendimentos. A soma de tudo isso desembocou em um ambiente de negócios mais competitivo e complexo, em que a atividade comercial e todos os seus atores se tornaram fundamentais para o desenvolvimento da nação.

Com as eleições diretas e a redemocratização do Brasil, as relações da entidade com o Estado, menos centralizado, mudaram, ganhando novas regras e canais. Agora o Brasil era governado por políticos eleitos pelo povo em todas as instâncias. O Congresso ganhou representatividade e poder e exigiu da CNC buscar novas formas de interlocução.

Para dialogar com partidos de diversas ideologias era preciso ter ideias e discursos sólidos e consistentes. Propor reivindicações do setor do comércio embasadas e alinhadas aos interesses nacionais.

Um dos maiores desafios da época era a conciliação em torno da unicidade sindical.

Havia diversas representações sindicais de uma mesma categoria, o que levava a conflitos e desunião. Assim, a CNC entendeu que era hora de unificar as vozes e debruçouse para criar o Sistema Confederativo da Representação Sindical do Comércio – Sicomercio, que teve origem em reuniões das Federações, a partir de 1990.

Em 24 de janeiro de 1991 foi expedida a Resolução Sicomercio–CNC nº 01, regulamentando o Sicomercio e dispondo sobre a arrecadação da contribuição confederativa.

Uma conquista da sociedade. A Constituição de 1988 foi um marco para o país. Ela permitiu estabilidade política e deu ao Estado condições e parâmetros para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.

Um dos destaques na nova Carta foi fruto de uma emenda popular com mais de um milhão de assinaturas em apoio à continuidade das instituições do “Sistema S”, notadamente o Sesc e o Senac. O impacto dessa iniciativa foi tamanho que originou o artigo 240 da Constituição que estabeleceu as diretrizes para o financiamento do Sistema baseado em contribuições de pequenos percentuais da folha de pagamento dos próprios trabalhadores. Um verdadeiro marco para a história do Brasil. 

Desde sua criação, Sesc e Senac atuam para levar serviços que fortalecem a cidadania e o desenvolvimento socioeconômico e cultural, bem como formação profissional qualificada para milhares de brasileiros. E em meio a tantas transformações políticas e econômicas ao longo dos anos, a Confederação se fortaleceu, expandindo e estruturando as unidades dos dois braços sociais pelo Brasil.

Ao longo dos anos seguintes, a CNC empreendeu ações para promover a excelência do sistema, norteadas pelas necessidades das empresas do setor e com o objetivo de qualificar as entidades sindicais para servi-las da melhor maneira.

A própria CNC precisou se reinventar.

Manter sua estrutura mais as unidades do Sesc e Senac em todo o Brasil dependia de uma administração eficiente dos recursos captados. Ainda mais sob a ameaça política ao regime de contribuições que sustentavam a entidade e a variabilidade das receitas, que dependiam do crescimento das empresas do setor. Era preciso fazer investimentos de longo prazo. Com essa visão, em meados dos anos 1990, Oliveira Santos deu início a uma política de formação dos patrimônios próprios das entidades, de maneira a
torná-las autossustentáveis ou o menos dependentes possível. E também promoveu a construção de edifícios para posteriormente locá-los visando prover a entidade de uma fonte constante de renda.
Paralelamente, a CNC obteve uma vitória política importante junto ao governo Federal.

A vontade de aperfeiçoar seu sistema já consagrado e sem paralelo no mundo foi ratificada em um acordo histórico. O decreto,
assinado em 2008 pelo então presidente Lula, ampliou a oferta de cursos gratuitos no Sistema S que demonstrou o potencial das parcerias entre o governo e o empresariado, propiciando mais oportunidades para milhares de brasileiros.

O programa destinou 66,67% da receita compulsória líquida do Senac e um terço da do Sesc, progressivamente, até 2014, para cursos gratuitos de educação profissional e atividades de qualidade de vida, voltados para a população de menor renda.

Os resultados alcançados no primeiro ano foram expressivos. O Sesc aplicou, em 2009, cerca de R$ 712 milhões em ações gratuitas, que envolveram desde educação infantil até atividades culturais. Já o Senac contabilizou mais de 120 mil matrículas gratuitas, em cursos de formação inicial e continuada e de educação profissional técnica de nível médio, o que significou um aumento de 11% em relação às matrículas inicialmente previstas.

Passada a primeira década dos anos 2000, a CNC se fortaleceu e pavimentou seu futuro.

Agora a entidade dispunha de excepcionais condições de sustentabilidade, equipes competentes, serviços eficientes, saúde financeira e uma relação estreita com sindicatos e federações, órgãos de governo e entidades civis. Mesmo assim, a Confederação investiu na renovação dos seus métodos de gestão para estar sempre na vanguarda e em sintonia com ferramentas e tecnologias inovadoras.

O Sistema CNC-Sesc-Senac implementou um programa de investimentos maciços em ações gratuitas. Em 2009, por exemplo, o Sesc aplicou R$ 712 milhões nessas ações desde educação infantil a atividades culturais. Já no Senac foram mais de 120 mil matrículas gratuitas em cursos de formação profissional. Ao lado, vemos duas grandes conquistas da entidade: a Escola de Ensino Médio no Rio de Janeiro – onde jovens do Brasil todo moram e estudam em uma escola modelo – e as unidades móveis, que levam conhecimento, saúde, assistência social e cultura notadamente a municípios distantes dos grandes centro urbanos.

Uma inovação promovida pela CNC nesse sentido aconteceu um pouco antes, em 2008, com o lançamento do Sistema de Excelência em Gestão Sindical (Segs), uma ferramenta que permite o alinhamento das práticas de gestão das entidades a um padrão de alta qualidade. Assim, a Divisão Econômica da CNC ganhou grande importância por concentrar informações e análises usadas para orientar as propostas da Confederação e as decisões dos comerciantes. A partir de 2010, pesquisas de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) e de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) passaram a ser publicadas mensalmente.

No ano seguinte, foi a vez do Índice de Confiança do Empresário (Icec). Desde então, os resultados dessas pesquisas tornaram-se itens essenciais para o planejamento não só do comércio, mas de empresas de vários setores, e entraram na pauta fixa dos veículos de comunicação.

Em 2011, com a consultoria da Fundação Dom Cabral, a CNC adotou novas estratégias na gestão, apostando em relações menos hierarquizadas e processos operacionais mais ágeis.

Oliveira Santos e os demais representantes da CNC enfrentaram um período de muitos desafios, contribuindo ainda mais para intermediar as demandas do setor comercial junto ao governo, principalmente indicando caminhos para a redução do chamado Custo Brasil, e, em contrapartida, estimulando a revitalização das exportações brasileiras.

Mesmo depois da adoção do câmbio flutuante, em 1999, o Brasil ainda precisava de empreender as reformas estruturais, como a redução da carga tributária, a diminuição dos altos custos portuários, da burocracia e uma retomada nos investimentos em infraestrutura.

Em meio a tantas transformações políticas e econômicas, Oliveira Santos soube lidar com os desafios e sua notável administração fortaleceu a CNC. Não só representou o setor e contribuiu para as grandes decisões econômicas do Brasil, como também expandiu e estruturou as unidades do Sesc e do Senac. Sua gestão foi marcada pela escolha das estratégias mais modernas e eficientes e, sobretudo, que otimizassem os recursos disponíveis e causassem o maior impacto positivo possível no alcance dos resultados, com uma obsessão pela qualidade. Tal postura o fez ser reeleito para presidência da CNC por outros quatro mandatos consecutivos.

Durante todo esse período à frente da entidade, Oliveira Santos elevou padrões e expectativas para gerar círculos virtuosos e oferecer aos trabalhadores uma das mais importantes redes de assistência social e desenvolvimento profissional do mundo.

Deixou a entidade em 2018, aos 92 anos, com um faturamento anual de 11,4 bilhões, e passou a presidência para seu vice presidente, o empresário José Roberto Tadros, presidente da Fecomércio Amazonas.

José Roberto Tadros nasceu em Manaus e é descendente da quarta geração de imigrantes gregos que aportaram no Estado do Amazonas no século XIX quando do ciclo da borracha na região. Seus antepassados foram grandes empreendedores, dando início às atividades empresariais a partir de 1874 nos segmentos de transportes e exportação de produtos regionais.

  • Cap. 2
  • Perfil do Presidente
  • Os últimos anos

A família se tornou uma das mais influentes no Estado, estendendo seus negócios para os setores de comércio e turismo. Tadros se formou em Direito pela Universidade Federal do Amazonas e construiu uma carreira notável como empresário, advogado, professor de Filosofia, Sociologia e História, escritor, sindicalista e dirigente de entidades de classe, como Presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac (AM), além de ser Cônsul Honorário da Grécia. Pelo seu talento e capacidade profissional é detentor de várias condecorações e honrarias, inclusive internacionais, concedidas pelo ex-presidente francês François Mitterrand e pelo Papa Paulo VI. Tadros tem quatro livros publicados nos quais reflete sobre sua extensa experiência à frente do comércio e do turismo no Amazonas: O grande Amazonas em marcha (2017), Ideias confessadas (2011), Da razão e das palavras (2010) e Marco para novas gerações (2010), além de ser coautor de outros livros, como Incentivos fiscais para o progresso do Amazonas. Com uma incrível capacidade de análise, ele é um defensor do desenvolvimento econômico da região amazônica, sobretudo do modelo da Zona Franca de Manaus. É um brasileiro apaixonado, totalmente alinhado à filosofia da CNC em promover uma melhor qualidade de vida e progresso aos empresários, trabalhadores e seus familiares.

Em seu discurso de posse da CNC, por exemplo, Tadros reafirmou o compromisso de fortalecer a representatividade e a atuação da entidade, defendeu a democracia e o respeito às bases do nosso sistema capitalista e ressaltou a urgência da realização de reformas, como uma simplificação tributária, alinhando o sistema brasileiro às práticas internacionais. Outra frente de sua administração é a defesa do sistema Sesc e Senac como um dos maiores agentes de desenvolvimento social do Brasil, ampliando principalmente o atendimento às populações mais carentes e longínquas do território nacional.

A CNC atua em todo o país, tanto nas mais remotas localidades quanto nas grandes metrópoles. E as atividades do Sistema CNC – Sesc e Senac se constituem em um dos mais amplos e diversificados conjuntos de ações em prol do desenvolvimento econômico e social em todo o mundo. Beneficiam milhões de empresas, trazendo qualificação para o profissional competente e proativo formado pelo Senac e também beneficiam o cidadão, oferecendo programas socioeducativos e opções de saúde e de lazer promovidos pelo Sesc. Conquistas de uma entidade comprometida com uma visão de futuro, de um compromisso com o Brasil que todos desejamos.

“Estamos diante de um governo eleito que está preocupado em fazer com que os recursos destinados aos projetos de transformação da sociedade alcancem quem mais necessita. E nisso seremos parceiros para juntos construirmos um Brasil mais ético e mais conectado com as demandas da sociedade. É com segurança e otimismo no futuro que a nova gestão da CNC vai procurar caminhos de diálogo construtivo com o novo governo”, complementou Tadros em seu discurso.

José Roberto Tadros é bacharel em Direito, empresário, líder sindical e escritor. Começou sua trajetória na mais antiga empresa do Amazonas, a José Tadros & Cia, fundada por seu bisavô em 1874.

O presidente José Roberto Tadros assumiu a CNC em novembro de 2018 com o compromisso de dar continuidade ao excelente trabalho realizado pela administração anterior, mas também imbuído em realizar novos projetos e modernizar a entidade. Nos primeiros anos de seu mandato muitas coisas aconteceram até que a pandemia causada pela Covid-19 paralisasse o país.

No seu primeiro ano de mandato, Tadros concentrou grande parte dos esforços para reforçar o lado institucional da CNC. Mostrar a atuação e o papel importantíssimo desempenhado pelo Sesc e pelo Senac para o país e para a população brasileira, principalmente junto aos segmentos de renda mais baixa, que são o foco da atuação das duas entidades. Em outra frente se aproximou mais das federações e dos sindicatos, promovendo, por exemplo, convênios com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), com o Banco da Amazônia (Basa) e com o Banco de Brasília (BRB), para facilitar o acesso ao crédito aos empresários e às entidades do Sistema Comércio. E não menos importante nesse primeiro ano de mandato foi a implementação de inovações nos processos administrativos para ampliar a eficiência e a agilidade para fortalecer ainda mais a Confederação.

Paralelamente, Tadros exerceu sua grande habilidade conciliadora e articuladora, aproximando a entidade dos principais gestores de políticas públicas e parlamentares. O objetivo foi valorizar o Sistema do Comércio e contribuir para as principais decisões do país que afetam o setor. Um trabalho de promover as análises e os estudos realizados pelas Câmaras de Comércio para, entre outras coisas, fomentar os negócios entre o Brasil e os países do Mercosul e da União Europeia.

José Roberto Tadros também esteve nas cinco regiões, em dez estados, visitando as sedes das federações, participando de reuniões e inaugurando unidades de Sesc e de Senac. O resultado não poderia ser melhor. Das 14 propostas de trabalho para os quatro anos de seu mandato, ele efetivou a maioria já no primeiro ano. Em 2019, Tadros esteve na inauguração da Escola do Sesc no município de Parnaíba, no Piauí, com a presença, do presidente da República, Jair Bolsonaro, e do presidente do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac do Piauí, Valdeci Cavalcanti. Em seu discurso, Bolsonaro parabenizou a iniciativa da Fecomércio. “Desta forma ajudaremos a mudar o futuro do Brasil. Porque só mudando a nova geração com boas escolas e com boas instruções é que podemos mudar o Brasil. Parabéns Sistema S”. O presidente Tadros parabenizou também o “belíssimo trabalho” do Sistema Fecomércio-PI. “Ela recuperou este imóvel, abandonado por cerca de 10 anos, e hoje está inaugurando-o com o objetivo e a finalidade que o Sistema segue no seu dia a dia, ofertar uma escola moderna para preparar e qualificar a juventude para o Brasil do futuro”. A Escola atenderá 400 alunos do ensino fundamental, com turnos pela manhã e à tarde, que, além de cursarem as disciplinas do currículo básico, terão disciplinas de línguas estrangeiras, música, esportes e ainda evolução, estratégia e lógicas militares.

Tadros exerceu sua grande habilidade conciliadora e articuladora, aproximando a entidade dos principais gestores de políticas públicas e parlamentares.

Além desse trabalho participativo junto às Federações, Tadros protagonizou uma extensa agenda em defesa do Sistema Comércio, com um amplo, aberto e permanente diálogo com o poder público. Já ocorreram reuniões com o Legislativo e o Executivo, incluindo o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; do Senado Federal, Davi Alcolumbre; o presidente da República, Jair Bolsonaro; o vice-presidente, Hamilton Mourão; a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie; o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Mucio Monteiro; ministros de Estado; além de deputados e senadores. E em vista da pandemia e da necessidade de todos se unirem a favor do Brasil, Tadros participou de importantes reuniões com o ministro da economia Paulo Guedes.

Importante ainda destacar a participação de Tadros em mesas de decisões e acordos internacionais, como o encontro com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce); a assinatura do protocolo de intenções Senac e POLI.design, Società consortile a responsabilità limitata; a Conferência do Comércio Internacional em Buenos Aires; a sanção da Lei do Cadastro Positivo; a Conferência Internacional do Trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT); e o World Company Award 2019, no Egito.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, foi admitido na Classe de GrãCruz da Ordem Nacional Barão de Mauá. O então presidente da República, Michel Temer, realizou, no dia 12 de dezembro de 2018, em Brasília, a entrega da Ordem Nacional Barão de Mauá para autoridades, empresários e personalidades nacionais e estrangeiras que tenham prestado relevantes contribuições à indústria, ao comércio exterior e aos serviços do País. Acompanhado da secretária-geral da CNC, Simone de Souza Guimarães, Tadros recebeu a distinção das mãos do então Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge de Lima. Durante a cerimônia, realizada no Palácio do Planalto, Michel Temer ressaltou a atuação do MDIC em seu governo e citou os setores de comércio, supermercados e automotivo como aqueles cujo desempenho se destacou em sua gestão. O presidente Tadros recebeu um estojo contendo insígnia, medalha, lapela e diploma.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, recebeu na sede da Confederação em Brasília, em 22 de novembro de 2018, o recém-eleito vice-presidente da República, general Antônio Hamilton Martins Mourão (PRTB). Ele esteve na entidade a fim de discutir e alinhar as necessidades da iniciativa privada à agenda de governança do Planalto. Foram debatidas no encontro com Tadros questões pontuais e necessárias para os empresários do comércio de bens, serviços e turismo, como simplificação tributária, incentivo econômico, segurança jurídica, entre outras. “O diálogo faz parte do processo democrático e principalmente quando as ideias do novo governo estão em consonância com a livre empresa”, disse o presidente da Confederação. Tadros ressaltou ainda a importância da interação permanente com o governo eleito, sobretudo quanto às necessárias reformas tributária e da Previdência. “Estamos em um momento em que se clama, prioritariamente, por reformas, e esse governo tem acenado com aquelas indispensáveis e inadiáveis”, afirmou. Já Hamilton Mourão declarou que o governo pretende apoiar o comércio de bens, serviços e turismo, para que o setor volte a crescer e a contribuir, ainda mais, para a economia do País. “O setor de serviços é o que mais colabora com o PIB. Nosso ministro da Economia, Paulo Guedes, tem essa visão muito clara: menores tributos e diminuição de estruturas públicas vão nos permitir ter um País menos burocrático e mais eficiente”, explicou. Em análise positiva sobre a visita do vicepresidente eleito à sede da Confederação, Tadros entendeu tratar-se de um reconhecimento que o general Mourão tem pelo Sistema Comércio. “Sua presença demonstra apreço à nossa casa”, disse. Após a reunião, o presidente da CNC partiu ao Palácio da Alvorada para almoço com o então presidente da República, Michel Temer, e o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade.

Já em 23 de maio de 2019, Tadros foi recebido em audiência pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM). Nascido em Macapá, ele é comerciante e conhece muito dos desafios da região amazônica e do setor de comércio no Brasil. No encontro, Alcolumbre disse “confiar nas instituições em reconhecer a eficiência dos atendimentos do Sistema S em todo o território nacional”, reforçando seu apoio ao trabalho da CNC. No começo de 2020, mais precisamente no dia 19 de fevereiro, o presidente Tadros foi a Brasília para participar de reuniões com parlamentares do novo Congresso eleito para discutir as questões-chave do setor do comércio e contribuir com sua visão dos principais desafios da economia brasileira. Após um dia intenso de debates, Tadros foi recebido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), em seu gabinete no Congresso, onde eles discutiram diversos assuntos.

Ao fim do encontro, Tadros declarou que “é fundamental reafirmarmos, perante os Poderes constituídos, o alcance das ações do Sistema Comércio para o Brasil”.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, e o presidente da Fecomércio-DF, Francisco Maia, receberam na sede da entidade, no Rio de Janeiro, a Medalha do Mérito Buriti, outorgada pelo Governo do Distrito Federal. A entrega das comendas foi feita pelo secretário de Economia do Distrito Federal, André Clemente Lara de Oliveira, em nome do governador Ibaneis Rocha. “Nós estaremos sempre prontos a colaborar com o governo de Brasília, para, juntos, tentarmos mudar a face deste país, com homens como o governador Ibaneis, que tem respeito pelo empresariado e reconhece no empresário o agente do desenvolvimento econômico”, afirmou Tadros. Tadros recebeu ainda no final de 2019 outra homenagem, a comenda Mérito Especial do Cinquentenário da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor). A honraria foi concedida em razão dos relevantes serviços prestados por Tadros ao País, em apoio a reivindicações da sociedade, e, sobretudo, pela defesa da livre iniciativa e do desenvolvimento sustentado da economia nacional. Em seu discurso de agradecimento, o presidente da CNC ressaltou a importância do setor de seguros. “Ele é nevrálgico não apenas para a economia, mas para a sociedade. É tempo de darmos o devido valor a esse setor e ao trabalho que vocês realizam, nem sempre devidamente reconhecidos”.

Mais do que um ícone do empresariado nacional e das entidades representativas das classes trabalhadoras, José Roberto Tadros tem uma enorme bagagem cultural e é um exímio orador. Difícil conversar com ele e não desejar estender os assuntos e enveredar por fatos históricos. Confira a entrevista com um rápido balanço de sua trajetória ao comandar uma entidade tão significativa para o país, o que está sendo feito e adiantar muito dos desafios para o futuro.

  • Cap. 3
  • A entrevista
  • Galeria de imagens

Confira a entrevista com José Roberto Tadros

Tudo começou quando cursava o primeiro ano de Direito, em 1967, e fui convidado para ser o primeiro vice-presidente do Sindicato do Comércio do Amazonas. Em seguida fui eleito presidente. Em 1972 fui convidado para fazer parte do conselho do Sesc. Foi quando o Dr. José Washington Coelho, que era um jurista excepcional, conseguiu com a sua destreza unificar as federações estaduais. Havia estados com até cinco federações e ele conseguiu unificar todas com o objetivo de melhorar a representatividade junto aos governadores e prefeitos. Por conseguinte, foi criado o Sincomercio a fim de dar uma base sólida ao sindicalismo no setor de comércio, estabelecendo eficácia na prática e sequência de trabalho. A partir de então a estrutura se organizou politicamente. De dezembro a fevereiro se elegem os presidentes dos sindicatos; até maio se elege os presidentes das federações e em setembro se elege o Presidente da Confederação. Em 1980 o então presidente da CNC, Jessé Pinto Freire, faleceu e assumiu o vice, Antonio Oliveira Santos, que era presidente da Fecomércio (ES). Em 1982, ele foi reeleito e me convidou para administrar o Sesc. Em 1986 eu me envolvi pessoalmente na sua reeleição e compus com ele a chapa como vice. Fomos eleitos e fizemos um belo trabalho, uma revolução nas atividades do sistema. Demos racionalidade aos processos e visão de longo prazo, com expansão do sistema, distribuição otimizada dos recursos para prover os estados com menor arrecadação com a mesma qualidade dos que arrecadavam mais. Tanto que fui nomeado pelo presidente para gerir a Amazônia toda, que compreende 11 estados da Federação. Eu sempre fui um companheiro leal e apoiei o presidente Antonio por todos os seus anos à frente da CNC. Em 2108, o presidente, aos 92 anos, desejou se retirar após um notável dever cumprido. Daí, fui surpreendido com um documento com 18 assinaturas apoiando o meu nome para sucedê-lo. Aceitei o desafio e fui eleito por unanimidade. Espero dar continuidade e fortalecer ainda mais a CNC.

Sem dúvida. A CNC tinha uma finalidade específica na magna Carta de Teresópolis, fruto da visão altaneira do presidente Vargas. Ele, D. Pedro II e Juscelino Kubitschek foram os maiores estadistas que esse país já teve. Vargas criou uma base industrial e a CLT, que deu segurança, direitos e respeito aos trabalhadores. Na Carta da Paz Social se desenhou a estrutura piramidal composta por Confederações, Federações e Sindicatos. A mesma estrutura do Estado nacional. Os presidentes de sindicatos são os prefeitos dos municípios. Os presidentes das Confederações do Comércio são os governadores dos estados e o presidente da CNC representa a figura do presidente da república. Os empregados e trabalhadores vão se entender nos fóruns e nos sindicatos. A federação representa os sindicatos e negocia as demandas e negociações das categorias com a Confederação. Não foi à toa que o Getúlio Vargas foi um dos maiores presidentes do Brasil. Ele montou todo o arcabouço dessa estrutura que, entre outras coisas excepcionais, deu origem ao Sistema S.

Esse é o ponto. Realizamos um trabalho muito importante em suprir uma lacuna que o Estado não atende como deveria. O sistema S é importante para a vida dos brasileiros. As empresas não têm como melhorar sozinhas a qualidade de vida da sua mão de obra oferecendo lazer, saúde, esporte, cultura… A sociedade brasileira também não tinha cursos profissionalizantes nem técnicos que permitissem aos trabalhadores entrarem mais capacitados no mercado de trabalho. O Senac foi responsável pela formação de milhares de trabalhadores para o setor de comércio e turismo no Brasil ao longo desses anos. O Sesc, por sua vez, cumpriu também um papel importantíssimo de caráter cultural, social e de promoção da qualidade de vida dos trabalhadores onde o estado também se fez ausente ou não fez a sua parte. Atualmente, o Sesc e o Senac atuam em todos os Estados da Federação. Na educação, há ações em recreação infantil, alfabetização de adultos, ensino médio, ensino de línguas, ensino profissionalizante, cursos específicos

de ensino superior e até de consciência ecológica. Na cultura há fomento às artes, à música, à fotografia, ao teatro, à leitura, entre muitas outras vertentes. Na assistência Social e de saúde, temos programas com idosos, de nutrição, de controle de obesidade infantil, de vacinação, de apoio à mulher na prevenção ao câncer de mama, odontológica, de práticas esportivas e até de ajuda a catástrofes, inclusive, no combate à pandemia do Coronavírus. Promovemos até o turismo social, oferecendo hospedagem, passeios e excursões. Essas e muitas outras ações que fazemos visam proporcionar uma melhor qualidade de vida para os nossos frequentadores e contribuir para o bem-estar da população brasileira.

Muito… Precisamos ocupar esse vasto território do Brasil que carece de mais polos de atratividade e qualidade de vida para sua população. Temos diversidade, cultura, um povo trabalhador maravilhoso! O Brasil tem tudo para se tornar uma potência mundial. A China é um pouco maior que o Brasil, tem um bilhão de habitantes e seus recursos estão no limite. Nós temos ainda muitas terras cultiváveis, água e energia em abundância – que na China é um recurso escasso – e temos um parque industrial excepcional. São muitas possibilidades de fomentar ainda mais empresas, indústrias, comércio, turismo e gerar empregos e renda para a população. Temos tudo para edificarmos um grande país e nos orgulharmos dele. Basta começarmos a fazer o que falta e construir nossa trajetória com consciência. Há um interesse internacional enorme para que o Brasil não se desenvolva. Por isso precisamos olhar para o futuro, valorizar o que temos de melhor e trabalhar.

Sem dúvida. A maioria dos conflitos entre o capital e o trabalho se resolve nos Sindicatos, nas Federações e nas Confederações. Coisa que muita gente não entende, mas foi uma maneira do Vargas mostrar a face social, humana, do empresariado que sempre foi estigmatizado como “explorador”. Então o trabalho da CNC também está voltado para o trabalhador e suas famílias, principalmente os menos beneficiados. O salário mínimo no Brasil não permite que o trabalhador mantenha e crie sua família com dignidade. Os empresários não conseguem pagar melhores salários por conta de uma carga tributária escorchante e uma burocracia irracional, que espreme a margem de lucro. Sufoca o empreendedorismo. Nós temos capilaridade em mais de dois mil municípios brasileiros. Onde o braço do estado não vai o sistema S está. O sistema é bem administrado e tem recursos para se manter. O Estado Nacional deveria agir dessa mesma forma e não o faz. Daí, todo o governo tem uma implicância com o sistema S. Se um dia o sistema S acabar, só aí algumas pessoas irão sentir a força, o poder e a ajuda que ele dá para minorar as injustiças sociais praticadas ao longo dos 520 anos do Brasil.

É um grande engano. O Sesc e o Senac surgiram em meados da década de 1940 e conseguiram se tornar o braço social e educacional que atinge tanto os interesses do empresariado quanto dos trabalhadores. Só que os recursos para seu funcionamento não são públicos. São privados. Os empresários contribuem com 1,5% da folha para o Sesc e 1% para o Senac, no entanto, há uma contrapartida. Os trabalhadores têm acesso à saúde, à educação, à cultura, ao lazer, ao turismo, ao esporte… A criança filha de um trabalhador pode ter a sua disposição desde a educação infantil, até um curso de línguas, profissionalizante ou superior. E ter atividades de lazer, culturais e de saúde ao seu dispor. Mas há de se destacar uma coisa muito importante. Não contribuem para o sistema todas as micro e pequenas empresas que representam 97% das empresas do Brasil. Ou seja, apenas 3% das empresas mantêm esse sistema que vai preparar mão de obra para as demais 97% das empresas brasileiras. De todo o montante arrecado, 70% é reservado para financiar a gratuidade dos serviços. Ou seja, o empresário recebe uma mão de obra qualificada ou pelo menos com um gap um pouco menor se comparada a dos países mais desenvolvidos do mundo graças a esse trabalho.

Sem dúvida! O Brasil não pode aspirar o primeiro mundismo sem a instrução, sem a qualificação de seus trabalhadores. Além do que, dos recursos que entram, 20% do arrecadado dos estados maiores são reservados para redistribuir entre os estados integrantes do Fundo de Participação de Estados e Municípios. Mesmo assim, o Sesc e o Senac fazem um aporte substancial de recursos para suportar e expandir as unidades dos estados menos favorecidos. Para fiscalizar se esses recursos estão sendo bem administrados somos auditados pelo Conselho Fiscal Regional, composto por sete membros, dos quais quatro são do governo, um da classe trabalhadora e dois da classe empresarial. Ou seja, quatro membros do Governo Federal participam das auditorias. E ainda a CGU e o TCU, pois eles também nos auditam. Acontecem desvios em todos os lugares e em todas as instâncias porque o ser humano é assim. Nós vimos presidentes da república, ministros, senadores, deputados federais… serem cassados por causa disso. Certa vez identificamos um estado suspeito de desvios e precisamos entrar na justiça com três intervenções. Isso porque o presidente em questão conseguiu duas liminares para retornar ao cargo. Mas outros foram afastados.

Em todo esse tempo exercitamos o nosso lado cristão e humano. Fomos realizando coisas que nunca serão para o nosso próprio benefício, mas em benefício dos menos afortunados da classe trabalhadora que são copartícipes do desenvolvimento do país. Eles também são copartícipes do crescimento das nossas empresas e do nosso sucesso. Há realizações da CNC e do Sistema Sesc Senac fantásticas, incríveis, que mudam a vida das pessoas e até de cidades inteiras. Mas para isso perdurar a Confederação precisa se automanter. O presidente Antonio e seus antecessores fizeram um trabalho brilhante de investimentos para perenizar a CNC em sua nobre missão de defender os interesses do setor do comércio e do turismo. Eu só tive a honra de trabalhar com dois deles: Jessé Pinto Freire e Antonio Oliveira Santos. O Dr. Antonio fez uma revolução e sinto orgulho em dar continuidade ao seu legado.

Administrar com responsabilidade, respeitabilidade e dignidade, preservando a história da entidade, com apoio da diretoria e dos nossos colaboradores. Precisamos ainda ter forças para enfrentar o fogo cerrado a que estamos permanentemente sendo vítimas e que nos impede de trabalhar em paz pelos trabalhadores. A classe trabalhadora nos apoia integralmente. Tudo já aconteceu nesses meus dois anos de mandato. Até uma pandemia que não era prevista, que está concentrando nossa atenção há meses e determinando praticamente um ano perdido. A população está refém do medo. Mesmo assim, estamos tocando todos os projetos e trabalhando em novos. Estamos modernizando tecnologicamente todo o Sistema para nos tornarmos cada vez mais eficientes. Vamos também projetar a imagem da instituição e não do presidente porque o presidente vai passar e a instituição vai ficar. O Brasil estava caminhando para um novo futuro e na hora que o povo se sentir seguro tudo vai voltar ao normal.

Sem dúvida! A CNC representa o setor de comércio e serviços que tem 73,4% de participação no PIB nacional e é responsável por mais de 48,9 milhões dos empregos no Brasil. Desses, 22,2 milhões (8,5 milhões Serviços, 13,7 milhões Comércio) são gerados nas atividades de comércio e serviços representadas pela CNC. Temos um enorme trabalho pela frente.

O jovem José Roberto Tadros no começo de sua carreira como advogado em Manaus.

Tadros promoveu em julho de 2019 o encontro do vice-presidente Hamilton Mourão com correspondentes estrangeiros na sede da CNC em Brasília
Foto: Christina Bocayúva

 

 

O presidente Tadros entrega ao então Presidente, Michel Temer, o Grande Colar da Ordem Nacional do Mérito Comercial e discursa na posse dos membros da Diretoria e do Conselho Fiscal da CNC eleitos para o mandato 2018/2022

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